Minha história começa quando eu nem tinha nascido ainda. Na verdade aconteceu 
              com minha mãe. Ela era menina ainda quando aconteceu. Minha bisavó chama-se 
              Vitória e era africana. Ela gostava desses negócios de magia. 
              
              Numa noite, quando meu avô ia pôr minha tia para dormir (que se chamava Vitória 
              em homenagem a minha bisavó), o berço que era de molas começou a tremer e 
              chacoalhar. Meu avô, assustado tirou minha tia do berço mas o tremor continuou, 
              descontrolado. Todos ficaram muito assustados sem saber explicar aquilo.
              
              Algum tempo depois, um amigo da família trouxe a notícia de que minha bisavó 
              havia falecido (no exato momento em que o berço começou a tremer).
              
              A outra história aconteceu comigo, no tempo em que fui morar com meu pai. Ele 
              também é meio simpatizante de magia. Foi um ano muito ruim para mim e minha 
              irmã, que estávamos afastadas de nossa mãe. 
              
              Certa noite, eu estava sozinha na casa, meu pai estava trabalhando e minha irmã 
              na rua conversando com amigos. Eu estava assistindo TV, sem conseguir ficar 
              quieta. Houve um momento em que eu me levantei e fiquei olhando a sala. De 
              repente, vi através da cortina, um olho, verde, parecia uma coisa desenhada, mas 
              era humano. Não vi nada além do olho. Meu corpo ficou todo dormente. Só consegui 
              sentar e fitar o chão morta de medo. Depois de um tempo tomei coragem e 
              vasculhei a casa com uma faca na mão, pensando que talvez alguém tivesse entrado 
              na casa. Mas estava tudo trancado. Aí sim, fiquei bem apavorada. Contei aos 
              vizinhos e eles vieram comigo, vasculharam a casa e não acharam nada, mas não 
              duvidaram de mim.
              
              Algum tempo depois, minha irmã contou que havia visto diversas vezes uma sombra 
              que percorria a casa, batendo nas portas dos armários no corredor. Ela havia 
              chorado muito numa noite em que eu a mandei ir dormir sozinha. Achei que era 
              manha, mas depois do que eu vi, nunca mais desconfiei dela.
             
            Daniela - São Paulo - S.P.