Sendo uma enfermeira numa enfermeira para doentes terminais, a idéia de
fantasmas e espíritos nunca me incomodaram. Na verdade fazia parte do meu
trabalho.
Eu estava morando nesse apartamento já fazia um mês, mas nada de estranho tinha
acontecido. Uma noite eu acordei e vi uma figura de um homem velho parado no pé
da minha cama. Eu achei que estava sonhando, então eu esfreguei os olhos e olhei
de novo, Ele ainda estava lá. Eu apenas deixei pra lá e deitei para dormir de
novo. Quando eu fechei os olhos eu ouvi uma voz sussurrar no meu ouvido "Eu sou
Jonas". Eu estava completamente sozinha. Mesmo assim eu não me alarmei com isso,
apenas voltei a dormir.
Numa noite uma amiga veio me fazer uma visita e ficou até tarde, e pouco depois
que ela saiu alguém bateu na minha porta. Era um vizinho que falou que alguém
tinha batido no meu carro e eu precisava sair para ir ver. Eu não tive um bom
pressentimento sobre aquilo e falei que não riria ver naquele momento, que podia
esperar até o dia seguinte (eu não morava numa vizinhança muito boa). O vizinho
ficou tentando me convencer a abrir a porta, pedindo um cigarro emprestado e
coisas do tipo. Após discutir com o vizinho por um tempo através da porta, eu
decidi chamar a polícia. Quando eu comecei a discar eu me lembrei de que não
tinha trancado a porta depois que a minha amiga saiu, e corri para ela para
trancá-la. Assim que eu comecei a correr, o cara lá fora tentou abrir a porta.
Para a minha surpresa a porta estava trancada (e eu sei que não tinha trancado).
E naquele momento eu ouvi alguém sussurrar no meu ouvido "Eu sou Jonas".
Na noite seguinte quando eu estava voltando para casa do trabalho as 11pm, a
polícia estava no apartamento do meu vizinho. Quando eu perguntei para as
pessoas o que tinha acontecido me falaram que o meu vizinho que tinha vindo para
a minha porta na noite anterior tinha sido preso por ter invadido a casa de uma
outra mulher do conjunto e tinha atacado ela. Eu fiquei bem perturbada com isso
e comecei a pensar se eu teria sido a primeira vítima escolhida por ele. Após
pensar muito sobre isso e dar uma olhada nos registros dos meus pacientes, eu
acredito que Jonas tinha sido um dos meus pacientes e estava retribuindo o
carinho que eu tive com ele. Eu acho que ele me salvou de algo terrível naquela
noite. Eu só queria ter podido fazer o mesmo com ele.
Anônimo - Guarulhos - S.P.